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Homem de palavra


O Bairro dos acocorados acordou neste domingo em clima de festa. Viracopos e Abrelatas iriam decidir o campeonato.

Seu Nelson vestiu a camisa do seu time do coração e saiu para bater o centro no bar do Anísio. 

- E ai seu Nelson, o Viracopos ganha ou não ganha?

- Se não ganhar eu viro a casaca.

- Olha seu Nelson, vou te pegar pela palavra.

Seu Nelson era homem de palavra.

Bebeu sua dose e voltou para casa. Aguardaria a hora do jogo em casa.

Nos bancos da praça central as apostas corriam soltas.

- Sou Viracopos e dou um gol.

- Sou Abrelatas e dou um gol e meio.

Não sabia que existia gol e meio. Existia sim. Um dia ainda vou explicar.

O Viracopos perdeu pelo placar de 2 x 0. Placar injusto.

No bar do Anísio fizerem seu Nelson cumprir a promessa.

Vestiram nele a camisa do Abrelatas. 

Sua camisa agora era do Abrelatas, mas seu coração continuava do Viracopos.

Palavras são palavras nada mais do que palavras. Alguém já tinha dito isto.

Este ditado não servia para Seu Nelson.

Seu Nelson era homem.

Seu Nelson tinha palavra.

Author: Edimar Monteiro

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