Estou numa cidadezinha do interior do Ceará sofrendo férias. Pois é, pobre não curte férias, ele sofre férias.
Diante de um galpão antigo e abandonado, pertinho da pousada, lembrei-me de uma estória que o pastor Rodolfo me contou.
Em suas sábias palavras ele narrou que um dia fora chamado a pregar em uma cidadezinha, também do interior. Será que era a mesma? Não perguntei.
Ele estava ansioso. Seria uma pregação inusitada. Seria dentro de uma antiga estação ferroviária abandonada. Será que viria alguém?
O culto foi um sucesso. As pessoas se acotovelavam dentro e fora da estação.
- Queridos irmão. Aqueles que aceitarem Jesus no coração venham até aqui receber as bênçãos do Senhor.
Esta conclamação era praxe ao final dos cultos do pastor Rodolfo.
Ninguém apareceu. Um minuto de espera e nada.
Sabino estava fora da estação e assistia ao culto em silêncio.
Não mais que de repente ele abre caminho entre os participantes e caminha em passos vacilantes na direção do pastor. Era um jovem bonachão, daqueles que usam as calças abaixo do cós. Deveria ter uns vinte anos de idade.
Já pertinho do pastor ele aprumou o passo, parou, virou-se para os fiéis e chorou copiosamente.
Sabino só havia chorado uma vez. Quando os seus pais morreram.
Até aquele momento Sabino era um viciado em drogas.
A partir daquele momento Sabino era um viciado em Deus.
Author: Edimar Monteiro
