O jogo estava para começar e eu ainda estava a caminho, mas bem próximo do estádio.
O trânsito estava caótico.
Tinha acontecido um acidente e eu já não tinha mais esperança de assistir ao jogo.
A não ser que acontecesse algo inesperado.
Foi o que aconteceu.
Ao olhar para o lado esquerdo vi uma mulher parada ao portão de sua casa e acenando para mim.
Custou-me a acreditar que o aceno seria em minha direção.
Abri os vidros do carro e reconheci a mulher.
Não era uma mulher, era um mulherão.
Tinha sido minha vizinha no antigo apartamento que eu morei há dois anos atrás.
Como o trânsito não fluía, fechei o carro, coloquei-o no acostamento e fui falar com a garota.
Falamos amenidades, lembramos os bons tempos e ela perguntou se eu não queria entrar enquanto o trânsito melhorava.
Aceitei de pronto, afinal uma companhia daquela não se tem todo dia.
O papo estava tão gostoso que quando olhei para o relógio já tinham se passado mais de meia hora do jogo.
Ela notou que eu fiquei triste por não poder ter assistido ao jogo.
Foi buscar um radinho de pilha que ela tinha, trouxe umas cervejas e ficamos fingindo que assistiamos ao jogo pelo rádio.
Esquecemos do tempo e do marido dela que tinha ido ao estádio.
Sai quase que correndo da casa dela.
Estava triste por não ter assistido ao jogo ao vivo mas feliz por ter passado muitos bons momentos ao lado daquela mulher.
Vim a saber do resultado do jogo no outro dia.
Eu estava feliz.
Author: Edimar Monteiro
