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Dicionário das palavras perdidas


Claro que tem. O viés do olhar ou a situação momentânea dá essa cor à humilhação. Essymay acabara de completar 13 anos e junto com eles veio o sublime momento de se tornar mulher.

Ela estava sozinha em seu quarto enquanto seu pai, lá embaixo, na cozinha, preparava o almoço. De repente ela sente como se tivesse feito xixi na cama. Mas não era. Era um líquido avermelhado e viscoso que escorria em jorros por entre suas pernas. Um grito ecoou pela casa. Um grito mesclado de desespero, medo e dor. O momento era ímpar.

Sem mãe desde tenra idade, seu pai era tudo para ela, mas nessa hora ele não podia ser mãe. A pudicidade de uma garotinha assustada assim não permitia.

Essymay já vinha se preparando para esse momento, já havia conversado com Lizzie sobre isso, uma conversa leve. Mas as conversas ficaram somente entre paninhos limpos e asseios, e muito pouco sobre se tornar mulher.

A visita à casa onde Lizzie trabalhava a fez sentir-se melhor. Lizzie era sua amiga, aia, confidente e tudo que se imaginar. Isso desde os cueiros.

“Subimos, Lizzie tirou minhas roupas e me deu um banho de esponja. A bacia de água quente foi ficando rosada da cor da minha humilhação. Então ela me mostrou de novo como arrumar o cinto em volta da cintura e inserir os panos nele.”
Para quem não sabia, esta é a cor da humilhação.

Baseado no livro “Dicionário das palavras perdidas” de Pip Williams.

Edimar Monteiro

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