Ad Code

RETORNAR À PÁGINA PRINCIPAL

Casei. E agora?


Alguns amigos meus dizem que eu não gosto de trabalhar. Alguns dizem que eu nunca trabalhei. Alguns dizem que meu trabalho é diversão. Quanta injustiça. Sou DJ. Esta é minha profissão.

Um dia deste li em algum lugar que a profissão de DJ foi reconhecida pelo Ministério do Trabalho.

Fiquei feliz por demais. Contei as alvíssaras a minha noiva. 
- Tenho um boa notícias Cristina, precisamos comemorar - falei bastante eufórico.

- Fala logo, você sabe que não suporto mistérios. Disse-me com olhos arregalados

- A profissão de DJ foi reconhecida pelo Ministério do Trabalho, agora já podemos nos casar. Desembuchei de uma vez.

Convidamos uns amigos e fomos a um restaurante comemorar.

Lá para as tantas um amigo chato ou um chato que se diz amigo, não sei, alertou-me:

- Sua profissão foi reconhecida, tudo bem, mas será que ela foi regulamentada?

Fui dormir aquela noite matutando: Não será a mesma coisa?

Pela manhã fui consultar um amigo advogado e ele me tirou a dúvida. 
Não era a mesma coisa. Ainda falta muito para ser regulamentada.

Não disse nada a Cristina. Casamos alguns meses depois. Cristina era filha única. Os pais tinham posses. Ganhamos um apartamento de presente.

Continuei sendo DJ. Às vezes ganhava uma boa grana. Às vezes passava em branco.

No início não me preocupei. Os pais dela chegavam junto. Depois que Juninho nasceu as coisas pioraram.

Os convites para tocar escassearam-se.

Minha sogra começou a cobrar um trabalho digno:

- Vê se arranja um emprego de vergonha. Esse negocio de tocar à noite não tem futuro.

No inicio fiquei calado. Ela nos sustentava literalmente. Depois fui me irritando e essa irritação contagiou Cristina. Começamos a discutir mais amiúde. Até que um nos separamos.

Ainda hoje sou DJ, mas minha profissão nunca foi regulamentada. Juninho é Engenheiro e trabalha em uma multinacional.

Parabéns meu filho.

Author: Edimar Monteiro

Ad Code

ESCRITOS E RELATOS